Uma busca que incomoda mas edifica

By Daniel de Castro - fevereiro 07, 2020




  Olá pessoas, beleza? Eu acredito que o mundo é grande o bastante para todos, que meu espaço termina onde o seu começa, que todos temos o direito de convidar e pedir para sair e que aquele que é atento e presente quanto ao que e quem convida, dificilmente precisará expulsar, e hoje essa possibilidade de erro não me impede de conhecer pessoas e coisas novas, é claro que tropecei, tropeço e tropeçarei enquanto estiver caminhando em busca de meus conceitos, e hoje meus erros são mais concelheiros do que juízes, porem me esforço contra as recorrências.

  Esse conceito a cada dia se torna algo natural em minha mente e coração, mas como criatura suscetível, alguns fatores sempre distorcem alguns pontos desse conjunto de coisas, seja a necessidade, o ego, o momento, seja apenas uma interpretação equivocada e oportunista atravessando um momento propício, um momento tempestivo ou amoroso, o fato é que a hipocrisia funde-se com falhas e passa a espantar até mesmo as necessárias, e é um rótulo difícil de ser removido, um selo que elimina um bom caminho só por ainda não estar bem sinalizado e pavimentado, principalmente se o caminho proposto pelo "hipócrita" é difícil.

  Sempre tive minhas convicções e conceitos, sempre procurei (em alguns momentos com peso no coração e perseguido pelo medo de "transgredir o certo" que me foi ensinado, mas seguia ... ) pensar e olhar para cada ideologia seguida ou não tentando ver claramente se a merecia, se  suportaria e se poderia flexibilizar algo, adaptar, se era compatível e assim tinha a impressão de que escolia meus dogmas, paradigmas e ideologias seja lá como meu limitado conhecimento os visse. Hoje acredito que escolher não é bem o que eu fazia, pois "escolher" é bem parecido com "se agarrar ao que dá" quando coisas dentro de nós nos impedem de ver opções claras, o medo limita e distorce a visão, quando me agarro em algo para não cair e essa coisa me serve, geralmente me apego a ela, se não me serve, geralmente abandono e crio uma tendência a maldizer aquela coisa que não me serviu, esqueço que para quem não tem mãos talvez alças não sirvam, então percebo que muitos dos que me apontaram fadas e chamaram de monstros não mentiam ou me enganaram, apenas me passaram o que sabiam.

  Pensando nisso olho para traz e me pergunto quantas coisas eu injustamente abandonei e denegri, direta ou indiretamente afastei de pessoas que em algum momento me perguntaram sobre. Minha experiência pode ter gerado uma apatia mais por minhas limitações ou incompatibilidades do que por uma "funcionalidade real" da coisa em si. Imagine se eu conto a um amigo que preciso viajar, ele me presenteia com um carro e eu não sei dirigir, alguém me pergunta por qual motivo não usei o carro, e eu respondo que o amigo me deu um carro que não serve, não funciona e que quem me presenteou não queria meu bem, entende? Esse mesmo exemplo pode ter varias verdades ou mentiras dependendo do ângulo. A pessoa que me deu o carro podia ter dado seu único carro ou um carro que lhe sobrava. Meu amigo pode nunca ter me perguntado se eu dirigia. Eu nunca ter dito que não dirigia. A pessoa que me deu o carro, com esse valor poderia me pagar muitas passagens já que minha necessidade era viajar. Talvez "ele" achasse melhor me dar um carro ou "ele" tinha mais necessidade em me presentear do que me ajudar e ela acha o carro um presente mais valioso. Eu poderia perguntar a ele se teria problema eu vender o carro para pagar minha viagem pois assim ele me presenteia e eu resolvo meu problema, mas parecer ingrato pode no momento ser pior que resolver meu problema. Talvez a pessoa nunca tivesse conhecido alguém da minha idade que não dirigisse e nem cogitou isso, assim como eu nunca tinha pensado em ganhar um carro, em ter um carro e por isso não aprendi a dirigir, e esse exemplo é para expor algumas das minhas formas de ver a coisa hoje, mas já houve épocas onde eu veria apenas um carro sendo desperdiçado, outras um bom amigo desvalorizado, outras alguém que não sabe aproveitar oportunidades ...

  Entender que cada ser vem ao mundo para aprender algo me traz paz e leveza, conseguir supor que não entender a busca de alguém não é a prova de que ela não exista, talvez de que meus conceitos sejam ainda mais limitados do que eu achava, vejo que a maioria dos tormentos que habitam apenas em minhas limitadas suposições saem e atacam os outros e até a mim mesmo. Se amor e compaixão não ocuparem, ódio e cobrança transformam em quarto. Hoje sei que sou responsável por meus atos, palavras, caminho e rastros, que minha busca vai me incomodar pois vai evidenciar minha insignificância perante a tantas coisas, incomodará também alguns que não tem o que buscar assim como os que não entendem meu caminho, um alpinista vê possibilidade onde um corredor vê um bloqueio e nenhum deles está errado, só o que tentar obrigar o outro a fazer o que lhe serve, em alguns casos ajudar o outro pode ser trazer um cavalo para cavalgar no fundo do mar, ou um golfinho a saltar num pasto, e não faltam os que querem seu bem desde que seja o mesmo dele, te dar tesouros para ser teu Rei, te proteger só para ter mais um obrigado a ajudar a atacar.

   Desses eu me afasto e hoje compaixão rege o caminho que o ódio ditava e o que mudou? Sem tentar entender os seus motivos eu tenho mais tempo para pensar nos meus, que estar em paz antes de estar certo, notei que lutar contra os que querem guerra é abandonar minha busca para alimentar a busca deles, vitória ou derrota, eu os dei o que buscavam, vencendo ou perdendo já os dei o que queriam e isso é algo que mudou, hoje entendo que o tamanho da minha necessidade pode me mudar, mas apenas o tamanho da minha aceitação pode edificar meu ser. Uns vão chamar de fuga, outros de covardia e não revidar ou mudar meu caminho para contornar me mantem andando, aceito que uns são fortes e podem se chocar e seguir em linha reta, eu talvez seja um fraco querendo aprender a contornar e seguir andando, talvez eles apenas não consigam ver ou contornar ...

  Neste caminho me vejo uma eterna criança, vejo outros como eu deixando de sorrir e brincar só para serem chamados de adultos e negando ajuda orgulhosamente pois aceitar seria admitir que não tem algo. Quero aprender a ser mais amoroso, paciente, calmo, sábio, a ser mais eu e deixar serem mais eles, a me afastar amorosa e elegantemente de tudo que preciso e não mereço, a substituir coisas minhas para não ter que roubar as de ninguém, assumir minhas limitações e dedicar tempo a elas antes de cobrar dos outros, quero agradecer mais, ver mais graças, entender o que quero antes que o que eu preciso me aponte qualquer caminho, aprender a ser antes de ter, e não julgar os que tem só por eu não ter, quero felicidade e amor, mas que os meus não se apoiem esmagando os de ninguém, quero querer viver cada vez mais e ter cada vez menos medo de não poder viver.


  E é isso pessoas, espero que tenham gostado, são relatos de minha caminhada, minha forma de ver a coisa, muito provavelmente vai mudar, muito mais erros que acertos, mas hoje olho para cada dia que levanto e ainda posso caminhar como uma oportunidade, tento não atrapalhar o caminho de ninguém, gosto de pensar que a intenção do meu movimento gera energia e curiosamente percebo que me desviando para não causar o mal as vezes encontro ótimos atalhos para o bem.

  Muito grato pela visita e fiquem bem :)

  Imagens via: Pixabay





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