O isolamento que liberta ou quebra

By Daniel de Castro - junho 16, 2020


  Olá pessoas, beleza? Isolamento social ... assunto tenso, sem norte, impossível de encontrar um "consenso geral" que assim como política e religião por exemplo, pedem uma maturidade, uma empatia (real, não esse papo de se colocar no lugar do outro como você desrespeitando o direito de ser diferente, que deixa lacunas nesse caso) para serem discutidos, mas a boa e velha cara de paisagem ajuda a esquivar. Muitos vão ver o ato de não entrar em uma briga que nunca terá vencedor como falta de opinião, quando talvez, deveriam apenas reavalia ou criar uma opinião sobre o que é ter opinião.



  Tem gente pirando! Casais se separando! Depressão! Pânico! Gente se apegando a teorias, umas bem estruturadas outras que, TALVEZ, sejam apenas a melhor "roupa" para sair essa noite pois, pouca gente se permite a sinceridade, assumir que não consegue praticar isolamento social seria um erro, inventar uma desculpa ... aí sim.

  Se todos se preocuparem em conter seus próprios "vilões" talvez não seriam necessários os "heróis", mas isso é bem mais complexo e creio que não cabe em nenhuma "política de autoconhecimento", mas essa busca pode minimizar as coisas. Mas tem um problema nisso, e os que amam ser heróis? O que será dos "controladores de vida alheia" sem vilões? Muitos "intrometidos limitados" se percebem como "heróis mascarados" que acham que correm atrás do crime quando apenas substituem a incapacidade de lidar com seus próprios "vilões".

  E esses "vilões" PODEM habitar em uma sexualidade reprimida, uma religião "errada" que tanto o atrai, na frustração de tentar e não conseguir, na revolta de não merecer e necessitar, na dor de não conseguir desapegar de pesos, no ódio que tem da coragem de um "ridículo" que faz o que o "bravo herói" adoraria fazer, mas prefere substituir a longa conversa sobre "o motivo de EU não fazer" pela incômoda luta do "eles não podem fazer isso".

  Na minha opinião, uma das muitas coisas evidenciadas no tal "isolamento social" são os "detalhes" soterrados pelos "mimos sociais". Sabe aquela música "o que você faz quando ninguém te vê fazendo?" ... o isolamento jogou muita gente nessa realidade, obrigou a alguns pensar sobre o que são por um período maior, sem a fuga para o bar, cinema, shopping e até a "simples" voltinha na rua que desvia e alivia a pressão de coisas, muitas vezes difíceis porem necessárias de se encarar.

  Na minha opinião, não somos educados para isso, afinal o homem nasce, cresce, se reproduz e morre! Mas que homens somos? Nos escondem( ou não sabem) de onde viemos e tentam evitar que possamos sequer "supor" ir para alguns lugares, mas por qual motivo? Isso na minha humilde opinião é pensar pequeno, aquilo é ridículo, mas e o bom e velho EU? Meu ridículo ... seu ridículo ... O que faço com ele para pertencer a um social que só me aceita se eu for ou ter certas coisas, exclui certas cores, evita certas formas e tantos diamantes se tornam simples pedras só para pertencer. Merecimento? Nem sei se mereço ou quero? Escravidão nem sempre mostra correntes e chibatas e muitos ainda olham para seu freio de burro orgulhosos, realmente acreditam que é um belo adorno, uma bússola infalível.

  Ninguém é viciado em internet até passar dois ou três dias sem internet(suspirei e levantei a mão tá, podem rir ...) mas será que o social não se tornou um vício, desses que parecem "controlados" até se deparar com a abstinência? Não estou julgando ou determinando nada, apenas compartilhando uma das minhas linhas de pensamento.

  Quando isso passar, quero redefinir meu "social" e até lá, um dia de cada vez. Sei que nem todos podem escolher, tanto o pássaro que caiu na arapuca por fome, curiosidade ou gula estão presos, um não é mais preso que o outro, embora talvez o que teve a fome como falha encha o peito para julgar seu "colega" de guloso, que talvez se veja menos errado que o curioso e os três se "comam com farofa" brigando, mas o que isso muda a condição deles?

  Quando isso passar, acho que vou ter muita coisa ruim para lamentar, mas espero estar de pé e preparado para focar nas coisas boas. Em cada pessoa que doou alimento(físico, mental, espiritual, financeiro, sentimental ...), que se arriscou para sustentar uma casa, que se privou para sustentar uma carência, que venceu um problema SEU para evitar o de outros, que aprendeu a perceber OUTROS MUITO QUERIDOS E NECESSÁRIOS "escolhendo" se sacrificando por tantos motivos "talvez aparentemente errados" e um respeito empático, mesmo que lamentoso substituiu um ataque que mais se apega ao não querer perder do que ao respeito de amar, respeitou as escolhas, que deu novo significado a uma perda, que percebeu muita gente sofrer antes de sorrir mas não deixou de ser feliz vencendo uma culpa que não lhe cabe, que encontrou as pequenas porções de bem escondidos nas revoltas, motivos e justificativas, que amou a si o que recria proporções inimagináveis de amar os outros, que entendeu que muitos precisam semear o pânico para vender, seja soluções ou audiência, antes de se apegar a revolta, que abre espaço para coisas grandes e destrutivas, que conseguiu crer que só o amor liberta, mas que nem todos podem o ver, sentir e por tantos motivos diferentes que, creio eu, nem uma vida de 5.000 anos seria suficiente para "julgar de forma justa".

  Quando isso passar, espero estar aqui com o máximo de queridos que puder, abraçar, ficar "garradin"( com aqueles que gostam é claro rs) mudado pelas escolhas que forem boas e livre de revolta, quero conseguir lembrar da honra de ter vivido com cada um que se for antes de me afogar em sentimentos menores que ofusquem a benção de poder ter conhecido cada um deles, tento me ensinar a amar os que me foram importantes e se foram tentando transformar cada um deles em "gratos motivos e lembranças", tento chorar só de saudade, tento fugir das revoltas e sentimentos de falha que denigrem suas lembranças, é um caminho difícil mas que escolhi.

   Se não estiver aqui, talvez ser lembrado como alguém que tentou trazer leveza, amor e positividade de forma respeitosa, que respeitou os que não podem ou não querem trilhar esse caminho que pede um pouco mais do que a tal sorte que sempre lhe é agregada, que foi grato e feliz, não por ter o que queria mas por conseguir me adaptar, agregar beleza ao que podia. Que TODOS encontrem seus caminhos, que possam não "necessitar" se atropelar, "consigam" resistir a revolta, que suas dores ensinem, que possam aprender e que possamos nos unir como seres melhores em respeitar, amar e ser felizes como pudermos ser, permitindo que cada "diferente" também sejam.

  Já tive oportunidade de muitos tipos de conversas e ouve tempo que curtia expor as coisas ruins que vivia e percebia, caçando culpado e lamentando os motivos e após uma conversa longa a pessoa saía bufando, decidida a tomar uma atitude, mas hoje acho que não tenho esse direito. Hoje, prefiro aquela conversa onde alguém de ombro estreitos e voz tremula, apos uma longa conversa estufa o peito e após uma longa gargalhada suspira, percebe que ela tem valor, que é única e que não perceberem isso não é culpa dela, mas talvez azar de quem não vai ter a honra de conhecer um ser maravilhoso pois já decidiu o que quer ver. Quanto aos revoltados, tento sempre ser um ouvido(quando possível) e meu silêncio geralmente é o melhor a oferecer.

  E é isso pessoas, espero que a leitura tenha sido agradável, que todos encontrem uma forma de passar esse momento da melhor forma possível, que todos fiquem bem :)

Imagens via: Pixabay

  • Share:

You Might Also Like

5 comentários amáveis

  1. Oi Daniel!
    Esse isolamento social está realmente trazendo muito sentimentos à tona.
    Não vou dizer que não tive meus momentos de pirar, já que tenho preocupações sobre a doença que assola o mundo no momento e as notícias me causaram crises.
    Mas também me deu motivo para agradecer por várias coisas que tenho acesso ou que fazem falta nessa época e que eu nem sabia que faria.
    Acho que apesar dos pesares temos muito a agradecer mais que reclamar em nossa vida e o isolamento tem nos dado uma maior percepção disso.
    Quando ele acabar com certeza quero ficar "garradin" também e poder dar os abraços que tive que guardar da minha mãe do dia das mães e do meu aniversário.
    Abraços!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Concordo, e que isso passo logo para aqueles que sentem falta possam "grudar" em quem faz falta.
      Que você consiga lidar bem com isso tudo até lá :)

      Abraços!

      Excluir
  2. Esse é o tipo de texto em que eu preciso do precioso tempo de uma xícara de chá. Água para ferver, xícara, saquinho de chá e aquela passagem de tempo necessária para se obter o chá.
    Enfim, agora não é possível. Eu sempre fui reclusa. Quando estou a escrever fico quieta, dentro de mim e mesmo indo a um Café para escrever, não saio lá de dentro. Aprendi a cair nesse abismo que sou. Claro que sinto falta de algumas coisas, mas sei lidar com tudo isso. O estar sem é fácil de conjugar. O que não compreendo mesmo são esses movimentos erráticos. Seria tudo tão mais simples se a gente compreendesse que somos o problema nessa equação. Causamos tudo isso com nossos excessos. Recuar agora, parar e refletir para evitar o pior deveria ser o nosso próximo ato. Mas não... ainda somos os mesmos e seremos depois de tudo isso. Perdemos mais uma vez o bonde. Pior é que agora sabemos exatamente que não existem heróis, nem vilões, apenas nós... esses seres egoístas, senhores supremos de coisa alguma. Para a minha alegria, no entanto, existem aqueles que olham para tudo isso com o mesmo estanhamento que eu ... rs

    bacio

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Rs ... entendo a questão do tempo necessário para "processar" algumas coisas, textos, posturas, opiniões ... entendo bem ... rs.

      bacio

      Excluir
  3. Esse momento e a questão do isolamento social tem mexido com os sentimentos de todos.
    Eu mesma já tive minhas fases, de total desespero diante da doença, do conformismo e da tranquilidade e o esperar passar. E enquanto isso, viver um dia de cada vez e me adaptar a nova realidade.
    Infelizmente parece que estamos bem desencontrados na verdade, cada um encarando de uma forma, por vezes desrespeitando o próximo e isso é péssimo. Fora a parte política.
    Enfim, gostei muito do seu texto, bem reflexivo.

    Abraços.

    ResponderExcluir