Eternos namorados

By Daniel de Castro - junho 12, 2020


  Olá pessoas, beleza? Amor, paixão, tesão ... seriam estados diferentes de uma mesma coisa? Assim como a água pode estar solidificada, gasosa ou líquida, poderia esse enorme sentimento que todos tem, cada um de um ou mais jeitos, por seus motivos, serem apenas "estados" diferentes deste sentimento que nos é tão fundamental? Essa é uma pergunta que cada um tem sua resposta, e ela pode mudar se nos permitimos, se aceitamos a insignificância de nossas projeções e a aleatoriedade de muitas de nossas experiências, que mesmo aparentemente iguais, podem ser vividas e sentidas totalmente diferentes por cada ser.




  Não tenho a mínima pretensão de "definir" o que é e tão pouco tentar "quantificar" ou criar um "pertence/não pertence" do amor. Ele na minha opinião é imensurável, divino, tão complexo quanto necessário, mutante e sensível, que reage intensamente a cada novo ingrediente acrescentado. Um grande amor pode ser definido por coisas que cada um busca, projeta, tomar forma desesperada e até insanamente de algo novo que sentimos, se torna o ar que respiramos, um trauma que fugimos, um Deus que adoramos ou um demônio que mostramos a tudo e todos que falem ou vivam uma mínima projeção de amor, o meu pode nem passar perto do seu assim como o seu pode não ser nada para mim, podemos estar falando de algo que não chega nem perto de amor, ou vivendo o maior que conheceremos e jogar ao vento por um mal momento.
 
  Quando falo de amor me refiro ao "meu conceito de amor", uma coisa insignificante em um contexto geral mas que custou toda uma vida e por isso eu devo valorizar, certo ou errado são minhas cores e sons, que foram sendo lapidadas por minhas experiências, algumas vividas outras observadas. Tudo que cabe em minha definição de amor teve todo um processo, uma "alquimia" que depende da minha capacidade de transformar sentimentos, de absorver duros golpes, de ver os duros golpes que apliquei.

  Essa visão minha sobre amor precisou separar traumas, olhar por cima do muro sem brechas da segurança que protege mas limita, vieram tombos, poucos e dolorido, que cada um vai descobrir se pode ou não levar e não é sobre ser forte ou resistente, nesse jogo vi se destruírem muitos resilientes, pude ver pessoas "morrendo em vida" por amor, vivendo vidas de sonho por amor, jurarem e mentirem amor, chamarem tanta coisa de amor e nem todos mentiam.

  Em algum momento, por sorte bem jovem, arrisquei trazer para mim algumas responsabilidades, tentar ver alguns sacrifícios como "opcionais a MIM" antes de exigir de alguém que, talvez, iludido por um EU que eu possa ter, equivocada ou maldosamente apresentado, não será mantido por vários motivos que eu não posso explicar e, mesmo que pudesse, não me daria o direito de cobrar uma aceitação ou adaptação, isso deve ser opcional ao outro também na minha opinião.

  Curiosamente, conheci meu grande amor, minha eterna namorada quando decidi desistir de namoro "sério". Mesmo muito jovem, eu aos 17 anos  e ela aos 15 anos. Muita gente que me ama disse "se afaste". Meus traumas ( nunca "fiquei", sempre tentei namorar desde muito novo, para conhecer e me conhecer, sempre entrava em um relacionamento, desde muito jovem vendo como potencial para o único, imagine isso com 14,15 anos ...) recentes me gritavam "novamente"? Medo, insegurança, experiência limitadíssima ... eu até tentei desistir, mais de uma vez.

  Isso é paixonite, não vai durar, ninguém vive disso, vai ser muito complicado ... e tudo estava certo, muitos realmente viveram isso mas por sorte, eu e ela "pagamos para ver" e o preço não foi barato. Adolescentes não são o monstro que pintam (a maioria deles ...) e deveriam ser avaliados individualmente, sem projeções genéricas. Para muitos não deu certo, mas para nós deu e ainda dá. Isso pode mudar amanhã ou daqui a 10 anos? Sim, não sou o homem mais interessante do mundo, ela é um ser maravilhosamente apaixonante e um dia, posso não completar o que completo hoje, isso vale para os dois, eu vejo um caminho de mais de 20 anos com coisas agregadas que não é uma aventura ou mudança de preferência que vai substituir, mas isso pode mudar e o importante é o respeito, ELA será a primeira a saber se um dia isso mudar.

  Posso não cumprir isso que me proponho? Difícil porem possível, aos 38 anos fiz coisas que tinha certeza que nunca faria, não fiz coisas que tinha certeza que não faria e essa "tecnologia reversa" me ajuda a me humanizar, tanto para compreender melhor a mim, como ao meu próximo e assim julgo menos e me permito mais, sempre seguindo o norte de minhas escolhas sem esquecer dos que caminham comigo.

  O fato é que olho para traz e são tantos sentimentos ... momentos complicados podem destruir coisas grandes e agradeço a Deus e a ela por me permitirem viver algo tão divino e único. Muitas vezes chamaram de qualidade decisões que, olhando para traz, foram pura sorte. Claro que o caráter, na minha humilde opinião propõe um terreno fértil para a sorte em alguma áreas e nem tanto para outras, talvez daí a frase "sem sorte no jogo, feliz no amor" tenha uma visão diferente para meu ser.

  Hoje sou feliz a cada dia que acordo e sinto o cheiro dela, as cores dela pintam um quadro divino que posso contemplar todas as manhãs, a voz, o tom, o desejo, e em cada momento difícil uma superação, até aqui, tudo valeu cada preço pago. Mas quero ela livre, em cada conversa tento fazer com que meu medo de perder algo mágico não aperte o frágil cristal do respeito, que cada insegurança não vire uma indiferença covarde a cada maravilha que ela carrega e que merece ser ressaltada. Que o tempo leve tudo, menos a leveza do tempo com ela e se isso um dia chegar, que seja da melhor forma para NÓS, pois poucas coisas poderão apagar tudo o que vivemos juntos e essa é minha visão, que parece muito com a dela eu acho, mas em nossos longos papos isso sempre está a mesa, opções antes de cobranças, e nem sempre foi assim, mais por minha causa do que por ela, em um tempo em que um EU autoritário tinha dificuldade de aprender.

  Não é um conto de fadas, muitas vezes as dificuldades deixam as coisas pesadas, lágrimas escorrem sem achar um sorriso, noites tristes e emburradas parecem a última, equívocos acabam acertando um ponto vulnerável e isso dói, trazendo facetas de pessoas amáveis que nem elas gostam, mas estão lá, aguardando um momento mas temos nossos pactos, protegemos um ao outro e isso acaba acertando as coisas, nos permite, ao menos até hoje, ser eternos namorados.

  Não sei se tem um jeito certo para esse tipo de coisa, meu contexto, quando avaliado por qualquer "especialista" tem muitos ingredientes para o fracasso, mas ver casais que seguiram a "cartilha" infelizes, pessoas que seguiram o caminho "mais comum" e pareciam, mesmo para um EU de 16 ou 17 anos, incoerentes em suas afirmações, me permitiu arriscar, pois perceber tanta gente "adulta e bem casada" perdida assim como alguns felizes me levavam a crer em uma certa "aleatoriedade" para a coisa do Amor.

  Assim, o Dani, a Mari e tantos por aí tem coisas que acertaram, que erraram, que mereceram e que foram fruto de pura graça divina, de acaso, uns rotulam como sucesso e outros sorte, falar sobre isso é muito válido na minha opinião pois agrega opções, mas cada um deve decidir seu caminho, o querer e o poder nem sempre são perceptíveis ou pautáveis a todos, eu prefiro não chamar de mentiroso aquele que jura a mentira que realmente vive e acredita, cada um encontra sua verdade mas nem todos podem buscar muitos caminhos. Que cada um que queira ou necessite encontre um grande amor, mas hoje creio que amor próprio sempre prefere solitude do que solidão coletiva, mesmo as mais bem justificadas. Que sejamos eternos namorados de tudo que nos é importante, que possamos escolher bem e mudar bem sempre que necessário.

  E é isso pessoas, lembro que essa é minha visão sobre amor e namoro, sou dos que acha que dia do namorado é todo dia, em momentos marcantes e não "apenas" em uma data, um caminho que comigo deu certo mas vi muitos serem "despedaçados" e não tenho a menor pretensão de agregar qualquer técnica ou tutorial sobre relacionamento, o que me serve pode ser apertado ou largo para você, apenas exponho aqui minha opinião e algumas experiências que não podem ser mais detalhadas, pois envolvem muita gente. Assim como sonhar pode ser fugir da vida real e em algum momento acordar em um pesadelo, ignorar a minúscula possibilidade de um improvável que deu certo pode ser afogar a última chance de um desesperado que não consegue tentar sem um mínimo motivo, e que cada um encontre seu caminho :)

    Imagens via: Pixabay

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8 comentários amáveis

  1. "[...] sou dos que acha que dia do namorado é todo dia.", e tá certíssimo. Não é em apenas UM dia que você deve demonstrar seu afeto pela pessoa que gosta. Demonstrações de carinho devem ser feitas sempre, senão não haveria a palavra "amor" na palavra "namorado" ❤❤❤❤❤❤

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    1. Concordo, não que não seja muito legal comemorar o dia com algo especial, mas todo dia é dia de amar :)

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  2. Também acredito que dia dos namorados é todo dia, e, neste contexto em que estamos, isso é ainda mais perceptível, afinal, em um contexto de isolamento, somente casais que cultivam o amor e não apenas o status de 'Eu tenho um namorado' irão conseguir seguir adiante!

    Abraços

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    1. Exato! Esses dias eu estava espantado vendo a quantidade re relacionamentos afetados, alguns conceitos terão que ser revistos.

      Abraços

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  3. Por aqui também todo dia é dia dos namorados e olha que já fazem dezoito anos!Nos tornamos cúmplices. As vezes conversamos através do olhar e isso só com o tempo é permitido.
    Abraços

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  4. Sou completamente fascinado em ver posts nesse estilo. E concordo, dia dos namorados pode ser todos os dias! Parabéns pelo seu post. Nesse dias dos namorados uma amiga fez uma coisa muito legal para o namorado dela, ela pediu para pessoas ao redor do mundo escrever em um papelzinho: Matheus, o amor que a Thayná sente por você é tão grande que chegou... (nome do local/país) foi muito incrível!

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    1. Muito obrigado meu caro. Realmente, incrível! E super criativo. Acho que eu ia chorar que nem criança rs.

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