Adeus 2020

By Daniel de Castro - dezembro 31, 2020

 

  


  Olá pessoas, blz? O que dizer de 2020? Dias pesados, duros, difíceis ... tenho tentado sempre olhar mais para os potenciais aprendizados do que para as dores, creio que a resiliência de absorver a dor sem revolta, ao menos para mim, é a chave da prisão da revolta. Cada um sabe onde seu calo aperta e não sei como você veio parar aqui, mas não é nada pessoal, apenas palavras de alguém que "hoje" tem motivos para acreditar no "amanhã", que espera que quando o dia da revolta chegar, quando a dor me cegar e me apegar ao sofrimento, encontre pessoas e palavras tentando me fazer acreditar novamente.
  
  Não se sinta "cutucado" e se isso acontecer desculpe, sinceramente não é esse meu objetivo, eu por exemplo tenho sérios problemas para trabalhar de forma "formal" por problemas de saúde mental e emocional e durante um tempo, praticamente qualquer assunto sobre trabalho me ofendia. Não era os outros, apenas minha lacuna em aberto transformando tudo em dor e me guiando para confrontos necessários para uma aceitação que hoje me permite trilhar caminhos, percebo mais conscientemente minhas limitações, me aceito e isso me torna mais leve. Talvez as coisas que eu vou escrever possam estar "frescas" em sua vida, perdas e dores mudam nossa percepção e o único concelho que sempre dou de forma meio "hipócrita" é fuja da revolta. 

  Esse ano para alguém pode ter sido de oportunidades, de recomeço, de superação, mas só o fato de ter sido o último de tantas pessoas, isso por si só já pede respeito. Fiquei alguns meses paralisado, medo e raiva, vendo tantas atitudes irresponsáveis virando bola de neve, uma levando a "justificativa" por outra, um revidando e ferindo outros de tabela sem perceber e em um determinado momento, por minha condição ainda permitir, entrei em inércia. 

  Preso em meus pensamentos, tentei praticar a tal alquimia emocional" que busco como louco, para cada acusação "evidente" buscava uma "possível" justificativa, apenas para repelir a temida revolta, apenas lembrando que em algum momento, minhas palavras poderiam ser fogo ou combustível para iniciar, aumentar ou apenas dificultar o término de algum incêndio.

  Durante grande parte da minha vida fui meio "pé a porta", achava que tinha que falar se fosse bem intencionado, mas a impulsividade me fazia ignorar que não tenho uma visão "madura e ampla" sobre absolutamente assunto nenhum! Como eu posso ser o "portador da verdade" se nem sei se existe uma? Como posso usar minha vida, uma porcentagem insignificante de existência e conhecimento, como referência para corrigir algo? Ainda estou perdido em minhas buscas, hoje não mais.

  Quando digo "uma porcentagem insignificante de existência" não é falta de amor próprio não, pelo contrário, apenas reconheço que isso é pouco para interferir nas vidas alheias, mas é tudo que tenho e sou muito grato por isso, a cada dia sinto uma pecinha encaixando, estou perdido mas já consigo escolher o terreno pelo qual quero me perder, não encontrar uma estrada e suas "delimitações" hoje me fazem crer que "eu" posso já estar nela, apenas sem envergadura para contemplar seus limites, ou que eles simplesmente não existem. Tento não perder tanto tempo com "pé na porta", e busco abrir novas janelas, tento me conectar comigo e isso me aproxima respeitosa e verdadeiramente com pessoas que também buscam isso.

  Ano difícil, mas também com significados muito pessoais. Uma pessoa que perdeu pessoas importantes não teve o mesmo "feeling" de quem não perdeu, de quem quase perdeu e ressignificou, mas todos tivemos dificuldades. Aí vem uma coisa que tenho tentado fazer, qual o coeficiente entre "o que pude fazer" e "o que eu fiz" em 2020? Mais um ano fiquei no negativo rs. Acho que conseguir rir dos meus fracassos é a prova de que eles não poderão mais me afastar da um sucesso. Hoje meus sucessos são bem simples, se eu os expusesse aqui, seria criticado por qualquer um que tenha "ambição" como combustível (não é uma crítica, uns preferem cerveja, outros caipirinha, uns não bebem ...) mas hoje a busca por aceitação tem um grupo muito seleto em minha vida e não é bem "ser aceito", apenas me manter "aceitável" dentro de um nível social para me manter por perto (mesmo distante) de pessoas que sinto que me fazem ver a vida de uma forma melhor, me dão mais motivos para sorrir, me fazem pensar em ficar mais um pouco quando a hora de chegar se aproxima. 

  Pessoas especiais e que me puxam a ser melhor, um preço pago de forma simbiótica pois percebo que sou um ser melhor para merecer estar com elas, mas não de forma pesada, "contratual", apenas escolhas e opções, e isso me permite tanto ir como ficar. É obvio que perceber que não satisfaz alguém que ama, seja em qual campo for dói, mas quero dar a opção de que o outro perceba, reflita e escolha sem chantagem, quero ser uma companhia e não uma penitência, e quero poder escolher minhas companhias e penitências também. Se não satisfaço alguém tento perceber se é possível fazer algo sobre isso mas sem expor a pessoa o tamanho da dificuldade, tem que ser algo que eu queira pois em caso de "falha" o tal arrependimento que torna as pessoas tão amargas, tem menos espaço. É cruel também ficar jogando na cara o tempo todo "olha como eu me mutilo por você!" Quero chegar a um ponto onde minhas escolhas me tornem feliz por fazer meu melhor e se isso não for suficiente para alguém, principalmente que eu ame, que essa possa buscar por o que for o melhor para ela.

  Um ano de perdas, de reavaliar importâncias, de pensar em "e se esse for o último" para tanta coisa ... mas a tal da dor sempre tenta virar sofrimento e paralisar tudo! Eu já me apeguei ao ódio e me movia, mas atropelava algumas coisas, já me apeguei ao vitimismo e tinha atenção e companhias, mas um dia percebemos o mal que isso causa a quem nos ama, já me apeguei a fugas e cada uma delas me afastou de mim, hoje tento a tal esperança para me manter, no tal amor próprio para não me perder, na aceitação para não me mutilar e nem mutilar os outros e as coisas vão ficando mais leves por hora. 38 anos e em janeiro já 39! Último ano na casa dos "inta" indo para os "ênta" e to longe de coisas básicas socialmente, mas me aproximei de coisas que nem sabia que eram tão fundamentais para mim, e o melhor, para pessoas que amo de quebra. Pude perceber o quão gratificante é ressignificar felicidade pois, aprendemos que ver os outros felizes nos faz feliz! 

  2020, ano marcante, que no meu caso me deixa mais forte para 2021, mas também mais sensível a cada um que não será assim. De coração, desejo que você encontre um motivo para se manter, um sustento emocional, espiritual e financeiro, tenha saúde na medida que necessite, que encontre amor, paz e felicidade mesmo quando jurarem que ela não está ali, que sua ótica seja "sua loucura", que tenha coragem de decidir, força para mudar e resiliência para aceitar sempre guiado por amor, que suas responsabilidades nunca de desfigurem, que seus compromissos nunca te anulem, que seus relacionamentos nunca te sobreponham, que seus caminhos sejam seus, que sua dor seja remédio, que suas perdas nunca sejam irreparáveis e que cada perda aparentemente irreparável amanhã se torne um motivo a mais para crer que cada novo dia é um presente. Que o passado nos ensine sem paralisar, que o futuro nos guie sem controlar e que o presente seja o melhor presente, principalmente quando não tiver o que ser feito, que cada um seja em si o que lhe baste e assim, um dia mereceremos o presente que queremos. 

  Obrigado pela visita, que 2021 seja um ano como for, mas VOCÊ seja o melhor que puder e se encontre com o que por isso sempre buscou! Muita paz, muito amor e muita luz! 

imagens via : Pixabay

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