Cristal, vidro ou acrílico ...

By Daniel de Castro - janeiro 26, 2021

 



  Olá pessoas, beleza? Escolher ... provavelmente, um dos ingredientes da liberdade que mais temos dificuldade em aplicar em nossas receitas. Provavelmente, um ingrediente indispensável para que a tal liberdade seja experimentada. Escolher ... isso provoca as dúvidas, afronta os medos e englobar abdicar de coisas, escolher muitas vezes é deixar coisas para ir em direção de outras, é "escolher ir" e ser rotulado de "aquele que não ficou" ou "escolher ficar" e se tornar "aquele que não foi", mas a maturidade apaga alguns rótulos incômodos, com o tempo é possível receber que muitas vezes o que acusa quem foi, de certa forma não acompanhou assim como que acusa quem não acompanhou, de certa forma se foi.

  A mesma maturidade vai com o tempo ajudando a escolher sem ter que se justificar, não aos que não estão envolvidos com a escolha, acusações e chantagem vai perdendo a força, parece que vamos percebendo melhor as "pirraças" disfarçadas de preocupação, a "mera curiosidade" disfarçada de tentativa de ajuda, a "amargura" disfarçada de realismo de quem tenta de alguma forma doentia, evitar que os que ainda se permitem tentar o faça, os que não cogitam que o outro possa querer tentar mais uma vez.

  As escolhas ficam mais claras quando perdemos menos tempo com justificativas (para pessoas que não merecem), quando estamos mais dispostos à arcar com as consequências sem culpar terceiros. Acredito que o peso de um erro escolhido é mais compatível com uma lição do que o peso de um erro "seguindo um tutorial alheio", esse tende a se tornar frustração.

  No fim, cada um sabe onde seu calo aperta, mas muitos de nós vão se deformando pelas pressões e cobranças ao ponto de preferir calçar um belo porém doloroso tênis apertado só para não ser visto descalço. E isso não tem nada com as escolhas ok, acho justo alguém que sonha usar um belo tênis preferir aguentar a dor do número mais apertado se a dor de seguir descalço para ele for maior, escolher as dores que levamos também é um direito, muitos prazeres são pagos com dor e errado talvez seja não respeitar a opção do outro. 

  Certa vez li uma frase que dizia algo como "só se conhece o verdadeiro amor quando paramos de tentar mudar os outros", isso fez total sentido para mim, embora é claro, meu ego tome as rédeas de vez em quando, mas assim como quase tudo que aprendemos, é errando, caindo e tentando mais uma vez. E eu não estou falando de não propor, acredito nas coisas às claras, dando opções e assim fica mais difícil o jogo de "caça culpado" após o termino de algo que deu errado. Mudar para manter, não perder algo é um direito muitas vezes tomado como um dever.

  Imagine 3 copos, um de cristal, um de vidro e um de acrílico ... visualmente iguais, três opções, mas qual o objetivo? Adorno? Talvez isso elimine o de acrílico... Deixar com uma criança desastrada? Talvez o de acrílico seja o melhor ... e mil suposições poderiam ser feitas trocando a ordem de melhor opção. Imagine isso com decisões que não só envolvem "utilidade de um objeto", escolher uma carreira, um companheiro(a), o momento certo ou errado para tentar ou desistir ... nem sempre é fácil decidir para uns o que é decidido muito facilmente para outros e tanta coisa além de capacidade envolve os possíveis motivos, o frio sempre culpa o calor assim como o calor o frio mas ambos são apenas temperaturas diferentes, duas escalas da mesma coisa e assim muitas vezes somos nós.

  Um dia talvez tenhamos pessoas mais maduras guiando os imaturos, guiando e não direcionando, o direcionamento é muito útil para quem é igual ou quer as mesmas coisas, mas até assim, o que quer as mesmas coisas e não tem as mesmas ferramentas pode flertar com a trapaça para não cair na angustia da frustração, a grandeza de um caráter nem sempre resiste à urgência de uma necessidade e talvez, apenas talvez, conseguir cuidar dessa coisa de "transformar desejos em necessidades" seja uma boa forma de manter o caráter. Muitas vezes a simplicidade que nos serve é trocada por buscas mais bem vistas, não aprendemos a nos valorizar e a nos perceber completos e entramos em buscas por companhia que nos afastam de nós mesmos, vendemos tempo e saúde para conquistar coisas que só serão usufruídas em um tempo suposto, não garantido e indeterminável.

  Escolher é viver e respeitar as escolhas talvez seja uma sutil forma de propagar a vida, a dor de carregar a culpa de nossos erros nunca será curada afogando a esperança alheia com amargura e pessimismo, creio que quando perdemos a fé em nós mesmos temos uma estranha tendência a tentar tirar isso dos outros e assim tantos anjos cortam suas próprias asas, vendem seus sonhos e capacidade de voar para comprar aceitação, um olhar respeitoso de quem quase sempre nem se respeita mais.

  A vida é bela mas decisões e omissões vão mudando o tom das coisas, a forma como vemos as coisas, as pessoas e muitos de nós já chega ao mundo vítima de escolhas e omissões erradas, nem sempre é justo ou belo mas tento focar nos que conseguem ser uma flor no deserto, passei muito tempo abraçado à um "realismo" que NO MEU CASO, era só medo e pessimismo. Olho para traz e vejo opções que não percebi cego por medo e pessimismo, passei correndo por lindo vales floridos e tive medo de nadar em belos rios com medo de que tudo fosse uma ilusão, de ser atacado por tubarões que nem sei se existiam ... hoje quero me jogar em cada sonho, ciente das ilusões e dos tubarões, mas EU quero aprender a identificar. Quero eu mesmo descobrir se quem viu as belas flores do vale morrerem e chamou isso de ilusão não foi alguém que não conhecia o outono, não pode esperar a próxima primavera ... se o tubarão não foi uma invenção de quem não sabia nadar e qté querendo meu bem, criou um mito para me proteger, mas na boa, com o calor que tá fazendo aqui em São Gonçalo ... eu encaro até o tubarão rsrs. 

Imagens via: pixabay

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