E continua o lockdown.

By Daniel de Castro - fevereiro 08, 2021

 



  Olá pessoas, beleza? Não tem uma data exata, acho que cada um iniciou a "sua luta contra essa pandemia" em um momento, eu me lembro que em março, após voltar de um maravilhoso mês de fevereiro em Barra de São João, um lugar que amo e me regenera, fui ao mercado com meu pai e meu irmão e vi um Alcântara assustador! Sempre brinquei com Alcântara ser a "China" do RJ, piadas dobre desafias aquele papo de dois corpos não ocupam o mesmo espaço até irem em Alcântara em um feriado. 

  Doeu cara! Alcântara vazio! E os poucos segundo de alívio de um fóbico social com síndrome do pânico quando em um lugar vazio logo foi ocupado por desespero, onde estão as pessoas que "vivem" de Alcântara? Lojas, ambulantes, pedintes ... onde estas pessoas estão buscando sustento? E tive uma crise, por sorte estava com meu irmão, mas chorei e como estava de óculos de Sol, acho que ele não percebeu. E a preocupação de ele não me ver chorar não é o velho "homem não chora", mas quando tem alguns problemas como os que tenho, quem nos ama pode ver um choro como o início de algo complicado.

  Tirando uma emergência ao dentista, uns pulos em Alcântara para algumas vendas, uma saída culpada para não pirar, estou em casa desde março e isso não é o grande problema pois, minha síndrome do pânico meio que me jogou em um lockdown forçado à alguns anos. Então para mim não foi tão complicado "entender"(o que não é concordar) as pessoas indo para rua desesperadas em meio ao lockdown para "coisas banais"( um rótulo muito relativo pois, muito mal sei o que é banal para mim, dirá para o outro), mas lembro que passei muitos anos sem conseguir ir ao mercado, andar na rua ou até dormir sozinho, coisas "banais" que não consigo fazer e uma "tecnologia reversa" é aplicada sempre que raiva dos que não conseguem se isolar ou usar mascaras tenta me dominar: Talvez e apenas talvez, eles sintam sobre o "não vai pra rua" o que eu sinto com o "é só tomar remédio e ir trabalhar" ... talvez não, mas pensar assim me permite não entrar em um ciclo de ódio, talvez até projetar minhas limitações e projeções( que não são leves nem poucas ...) neles e desviar o olhar de dores que carrego.

  Sério gente, não venho aqui abrir um polêmico debate do "fica em casa" contra o "vai à luta" ok, a vida para mim é bem mais colorida do que alguns preto e branco, muitas vezes o certo/errado é mais complicado do que podemos sequer supor e é óbvio que tenho minhas opiniões e julgamentos, mas eles só cabem para minha vida como é e talvez, apenas talvez para vidas semelhantes, vividas por pessoas semelhantes,  em fases semelhantes ... ou me torno aquele "tiozão" cm raiva dos erros dos "aborrecentes"(não que alguns não mereçam o rótulo ok ...) cobrando deles o que ele, o "tiozão" hoje, talvez até coerente com o que cobra( infelizmente a maioria não ...) mas, na época que tinha a idade deles, não podia propor. Quando talvez, e apenas talvez, lembrar de como era e como era complicado ser cobrado, lembrar o que buscava quando era assim, o leve à ser o que muitos de nós no fundo somos, um "menos perdido" tentando guiar para esquecer que está perdido em razões chatas e desconfortáveis mas muito bonitas de mostrar, que não servem para ser apenas vividas, tem que ser impostas. 

  Uso máscara, fico em casa, acho que muita gente "merece" uma vacina antes de mim, não sei se confio em uma vacina feita tão rapidamente e com tantos jogos e disputas emaranhados com seu processo de desenvolvimento e sei que talvez sejam apenas desculpas ... minhas opiniões rasas e provavelmente equivocadas, mas são minhas, terão consequências e por isso tento não impor aos outros. Vou sair por aí "colocando máscaras na cara dos outros"? Vou sustentar os que não podem ficar em casa pois morrerão de fome? De depressão? Posso garantir que cobrar algo do outro nesse momento tão difícil da humanidade não será como, quando eu estava começando a perder para a síndrome do pânico e não conseguia mais trabalhar, e alguém querendo meu bem e de muitos ângulos "munida de certezas", vinha me impor um emprego? Muitas crueldades são feitas tentando ajudar, então esse momento tem meu respeito, sei que minhas opiniões talvez só piorem as coisas então às deixo para quem solicita, procura ou se interessa. Não me acho melhor ou pior por algumas opções, talvez apenas diferente, o que se não for policiado vai me isolando, distanciando de um mundo cada vez mais sem sentido para quem tenta achar amor e gratidão, mas com tanta gente e lugares, coisas e momentos mágicos que passam despercebidos quando perco tempo tentando entender, julgar ou rotular o que apenas poderia viver e desfrutar.

  Hoje, tento não julgar mas julgo, tento não ter raiva mas tenho, não ficar desesperado e quando percebo já estou, mas parece que criei alguns pontos de recuperação. Pessoas, lugares, momentos, músicas ... quando estou prestes à entrar em lugares que já me perdi me apego à coisas que já me tiraram de lá, e até aqui eu sigo sendo e me tornando enquanto não posso ter e propor. 

  Não sei até quando esse isolamento vai, mas para mim, nunca a vida valeu tanto! Cada despedida pode ser "literalmente" a última! Uma ida ao mercado, um pacote ou correspondência recebida, um coletivo necessário ... a vida nunca foi tão frágil ou eu nunca tinha à percebido assim? Me pergunto isso todo dia e quando o desespero toma conta, ainda tenho alguém para olhar nos olhos e agradecer, um vídeo motivacional para suspirar, uma música para massagear minha alma, uma flor para admirar, um café quentinho com biscoitos para me confortar ... até aqui ainda consigo perceber, buscar e encontrar coisas que me levam a agradecer e amar. E quando não for mais possível? Bom, aí minhas teorias mais pessoais sobre plantar e colher, sobre fé e sobre o amor ser a chave de tudo serão testadas e tenho fé que não será sobre as respostas, mas sobre justamente aceitar que muitas eu não poderei saber, mas me contentarei em aceitar, espero que até lá eu seja o que tenho que ser mesmo se nunca puder ter tido. Espero que todo o amor que tenho buscado colocar dentro do meu peito seja o que voe para todo lado, que pessoas não se machuquem quando minha mente fraquejar pois não existirá muita revolta e raiva lá para tomar controle, conto com minha fé no amor, e que mesmo que um dia eu perca aminha, não me torne um "ceifador de fé alheia", que as lembranças boas dos momentos que vivi escolhendo o amor sempre me permitam permitir que outros o busquem, que nenhuma dor ou medo sobreponham meu respeito pelas decisões alheias. 

Imagens via: Pixabay

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